Na próxima semana, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentará o relatório final da comissão. Ao longo do seu trabalho, a CPI chegou a diversas conclusões que apontam para o cometimento de crime de responsabilidade pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Mas, apesar de ter crescido junto aos deputados e senadores do Congresso Nacional o convencimento de que há razões para o impeachment de Bolsonaro, quando eles avaliam, no entanto, que chances concretas há para tal afastamento, a grande maioria responde, sem pestanejar: são muito baixas.
Essa é a principal conclusão da última edição do Painel do Poder, pesquisa trimestral que o Congresso em Foco Análise faz com 70 dos principais líderes da Câmara e do Senado e que, pela sua abrangência e método, permite medir de forma precisa as tendências e humores do parlamento brasileiro. As primeiras impressões desta rodada do Painel do Poder foram o tema do Farol Político, newsletter semanal que os assinantes do Congresso em Foco Insider recebem todas as sextas-feiras.
Embora a pesquisa aponte ter havido um considerável aumento da percepção pessoal de cada deputado ou senador entrevistado quanto ao cometimento de crime de responsabilidade pelo presidente, mesmo esse percentual neste momento não garantiria os votos necessários para a abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro. A coleta de respostas aconteceu entre os dias 2 e 28 de setembro. E, portanto, certamente refletiu as repercussões dos atos do dia Sete de Setembro, quando primeiro Bolsonaro elevou o tom, na Avenida Paulista, dizendo que não mais obedeceria a decisões judiciais que fossem tomadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Mais tarde, ciente de que poderia ter ultrapassado limites, Bolsonaro recuou, orientado pelo ex-presidente Michel Temer, a partir de uma carta em que pedia desculpas ao ministro. O quadro a seguir demonstra a evolução da soma percentual de notas 4 e 5 (alta concordância) com a possibilidade de impeachment do presidente. Praticamente 32% dos parlamentares escolheram uma dessas duas opções.
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