O Botafogo já definiu a estratégia para fugir da execução forçada de quase R$ 100 milhões em dívidas trabalhistas. A exemplo do Vasco, o clube solicitou à presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) a migração para o Regime de Execução Centralizada. O tamanho real da dívida ainda está em processo de contagem, mas espera-se que chegue ao mesmo patamar do rival, próxima dos R$ 100 milhões. O pedido ainda não foi apreciado pelo tribunal, mas o clube acredita que terá pela frente o mesmo caminho percorrido pelo Vasco, com um prazo de 60 dias para apresentar um novo plano de pagamento.
O Regime de Execução Centralizada é uma possibilidade prevista na recente lei que instituiu o clube-empresa no Brasil. A legislação garante o direito de centralizar as cobranças para, ao evitar penhoras individuais, pagar seus credores em até seis anos mediante repasse de 20% da receita mensal. Na última quinta-feira, o desembargador Theocrito Borges dos Santos Filho impôs ao clube o Regime Especial de Execução Forçada das dívidas. O processo é decorrente da exclusão do Botafogo do Ato Trabalhista por conta de parcelas atrasadas. O plano teria validade até 2024, com depósitos mensais de R$ 1,8 milhão, e a perda do benefício resultou no descontrole de centenas de ex-jogadores e funcionários que cobram valores não pagos pelo clube.
Por conta do estado de calamidade resultado da pandemia da Covid-19, a Justiça permitiu que o Botafogo adiasse as parcelas de abril, maio, junho e julho de 2020. Em dezembro, essa autorização foi revogada e acarretou em uma corrida para permanecer no Ato. Em março de 2020, a justiça do trabalho diminuiu de quatro para três anos o prazo restante para o clube quitar as dívidas do atual Ato. A justificativa foi a mudança na legislação que não permitiria os moldes atuais. Como o acordo foi assinado em 2014, com a lei antiga, o clube entendeu que teve um direito adquirido violado, o que o tribunal não reconheceu.
Essa mudança foi postergada, assim como a dívida de cerca de R$ 7 milhões, porque a própria presença do Botafogo no plano estava em xeque. A ameaça foi confirmada após mais uma derrota judicial. Pelo acordo feito com o poder público, o Botafogo depositava cerca de R$ 1,8 milhão mensalmente no Ato Trabalhista, valor que é repartido entre os credores que não receberam pelos contratos firmados com o clube no passado.
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