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Nova política

Nova política

Só vejo um nome novo na política, que é Jéssica Sales. Wagner Sales.

O prefeito de Cruzeiro do Sul, Wagner Sales, a despeito do seu jeito de ser e de agir, sempre muito espalhafatoso, seja no trato pessoal, seja no seu comportamento político, não deixa de ter razão quando afirma que a grande novidade que se pode extrair da mais recente disputa eleitoral foi a eleição de sua filha, Jéssica Sales. Segundo ele, sua filha se elegeu no curso de uma campanha feita em apenas 30 dias. Em sua avaliação, o prefeito Wagner Sales comete um gravíssimo equívoco, enfim, na nossa atividade política o que se espera de novo são suas práticas e não a idade das pessoas que a ela vem se integrar.

Neste contexto, vem a pergunta que se impõe: Jéssica Sales teria sido eleita se seu pai não fosse prefeito do município de Cruzeiro do Sul? Eu, particularmente, não acredito. Uma segunda perguntinha: a máquina pública que estava em poder seu pai foi utilizada em favor da sua eleição?           

Partindo da premissa que a jovem médica, Jéssica Sales, sequer vivia no Acre e mesmo assim só precisou de 30 dias de campanha para ser eleita deputada federal, diga-se o que se queira dizer, mas esta condicionante não basta para enquadrá-la no que se convencionou chamar de “nova política”.  

A propósito, a autora da expressão “nova política”, nossa notável acreana Marina Silva, entre suas atividades políticas e administrativas, já trazia em sua bagagem um mandato de vereadora, um de deputada estadual, dois de senadora e uma passagem de 5 anos como ministra de Estado. Enfim, quase 30 anos de exitosas e comprovadas experiências.

Nada contra a eleição da deputada federal Jéssica Sales, conquanto sua eleição não tenha sido contaminada com o que existe de mais velho e mais velhaco na nossa atividade política, no caso, com a corrupção eleitoral. Em tempo: só do inconsciente coletivo dos cruzeirenses, ou mais precisamente, dos juruaenses, poderemos extrair, o que verdadeiramente permitiu a sua eleição, afinal de contas, sua eleição foi o que costumamos chamar de um ponto fora da curva.  

Falando-se em compra de votos, o próprio prefeito Wagner Sales não tem desperdiçado uma só oportunidade de acusar seus adversários como participante de criminoso mercado. Que suas acusações não se prestem apenas para confirmar a máxima: quem disso cuida, disso usa.       

Apelidado de Leão do Juruá, só em parte a eleição da sua filha justifica o pomposo apelido que lhes é atribuído, afinal de contas, a derrota do seu candidato ao governo, Márcio Bittar, tanto no primeiro quanto no segundo turno, o transformou num leão banguela, até porque, não apenas no município de Cruzeiro do Sul, como em todos os demais municípios que compõem o Vale do Juruá, seu prestígio revelou-se insuficiente para que o candidato Tião Viana, seu adversário, não lhes impusesse uma sova de votos.

Por fim: que no exercício do seu mandato, a deputada federal Jéssica Sales, não venha se valer apenas da condição de estreante e assim vir a se imaginar como parte integrante da nova política. Se sim, ela apenas se tornará em mais uma das herdeiras daquilo que existe de mais velho no nosso apodrecido ambiente político-partidário.

 

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