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Fato determinado

Fato determinado

Se no Brasil a corrupção é bastante ampla, uma CPI para investigá-la precisa ser igualmente ampla.       

 

Há anos, diria até, há décadas, o senador Pedro Simon vem tentando, e sem sucesso, instalar uma CPI-Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a corrupção em nosso país. Bem entendido: investigá-la onde quer que ela esteja mostrando suas garras. Enfim, ao se investigar um dos seus antros e fazer vista grossa a outros, não parece ser o melhor caminho para se combater àquele cupim que o saudoso Ulisses Guimarães dizia ser o mais agressivo de nossa República.  

Contudo, e a despeito de sua reconhecida respeitabilidade, quer política quer moral, a sua CPI nunca foi, e dificilmente será instalada, afinal de contas, nem o nosso senado nem a nossa câmara dos deputados jamais permitiram a sua instalação. E por quê? Dado o sério risco de, no curso de suas próprias investigações, muitos dos parlamentares investigantes acabarem sentados nos bancos dos réus, enfim, de uma CPI só se tem uma certeza: sabe-se como ela começa, mas nunca se sabe por onde caminhará.  

         Que se faz absolutamente necessário a instalação de uma CPI para investigar as de denúncias que pesam contra a Petrobrás, tanto é verdade que ninguém ousa contestá-la, a não ser, quanto a sua forma. Portanto, por que não estendê-la às outras denúncias potencialmente graves que e já são do amplo domínio público? Por não estendê-la ao metrô de São Paulo, as construções dos Estádios da Copa do Mundo, etc, etc, etc. 

         Se ao governo da presidente Dilma Rousseff não interessa a CPI da Petrobrás e aos tucanos não interessa a CPI do Metrô, assim como no passado não interessou ao governo do presidente FHC a instalação de uma CPI para investigar a compra de votos que aprovou a emenda da reeleição, bastaria estes três casos para chegarmos à seguinte conclusão: qualquer governo foge de CPI como o diabo foge cruz.       

         A CPI que a sociedade brasileira precisa e quer vê-la instalada, e pra já, é aquela que vem sendo proposta pelo senador Pedro Simon, qual seja, uma CPI que no seu caminhar não exclua ninguém: governantes, partidos políticos, detentores de mandatos eletivos, gestores públicos, empresários, doleiros, e quem mais for encontrado no meio do seu caminho. Se restrita a este ou aquele caso, mormente, quando instalada em pleno ano eleitoral, não há como se negar que são os interesses eleitoreiros que dominarão a sua pauta.

         Se a Petrobrás adquiriu a refinaria de Pasadena em 2006, por que o “mico” não fora denunciado antes ou logo após ser adquirida? Afinal de contas, se denunciada no seu devido tempo muito provavelmente sua aquisição não teria se materializado, menos ainda, a Petrobrás teria arcado com a indenização que se viu obrigada a pagar a empresa Astra, sua ex-sócia.

Moral da história: o Brasil precisa contê-la, porquanto seria ingênuo se imaginar que chegará o dia em que a corrupção será liminarmente extinta. Nem aqui e nem alhures, enfim o poder e a corrupção costumam andar juntas. Mas mesmo para contê-la, faz-se absolutamente necessário e indispensável que não haja cumplicidade partidária, e esta decorrerá enquanto os altos cargos de nossa República forem indicados partidariamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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