Eleições; sempre
Àqueles que estão inconformados com os resultados das urnas só resta um consolo: esperar pela próxima eleição.
Os resultados da mais recente disputa eleitoral, tanto no plano nacional quanto localmente, como seria esperado, não agradaram aos segmentos de nossa sociedade que emprestaram seus apoios aos candidatos Aécio Neves e Márcio Bittar, menos aos próprios, até porque, nada é mais amargo para um candidato e seus apoiadores do que a adversidade de seus resultados.
Ocorre que, em toda e qualquer democracia, eleição existe exatamente para isto. Portanto, não é conferido aos derrotados das mais recentes eleições, seja abertamente ou intramuros, acharem-se no direito de sugerir a possibilidade de um impeachment. Pelo contrário. À luz dos seus mais elementares princípios, aí sim, recomenda-se aos candidatos que participam de uma eleição e que não logram êxito, a aceitação dos seus resultados. Assim determina a boa prática democrática.
Em sendo verdade que a presidente Dilma Rousseff irá enfrentar uma série de dificuldades no seu segundo mandato, algumas delas de dificílimas soluções, se tais ameaças contribuírem para contaminar o nosso ambiente político, este por sua vez, já dividido meio a meio, e ainda por cima, caso nossas ruas voltem a se entupir de manifestantes, a exemplo do que aconteceu em junho de 2013, de uma coisa tenhamos a mais absoluta certeza: a quadra que nos espera será a pior possível, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista administrativo, afinal de contas, tanto as promessas feitas pela então candidata Dilma Rousseff, quanto aquelas que foram feitas pelo candidato Aécio Neves, jamais se viabilizariam se o eleito ficasse submetido a qualquer ameaça, sobretudo, de um hipotético impeachment.
Os 16 anos de poder no plano federal, oito de Lula e oito de Dilma e aqui no Acre, os 20 anos, oito de Jorge Viana, quatro de Binho Marques e os oito de Tião Viana, resultaram da incompetência política dos seus opositores e dos méritos das suas respectivas gestões, afinal de contas, para se manterem no poder, ambos tiveram que enfrentar um dos mais incômodos obstáculos, no caso, o desgaste natural que o próprio poder costuma provocar em todos os partidos e nas alianças partidárias que já nele se encontra, até porque, e por incrível que possa parecer, manter-se no poder é bem mais difícil que conquistá-lo.
Foi de caso pensado, que o “chega de PT”, se tornou na principal e na mais usual expressão nos discursos e debates dos candidatos Aécio Neves e Márcio Bittar. Foi sim, na intenção de chamar a atenção dos nossos eleitores sobre tamanha e esquisita longevidade, tanto lá quanto cá, que o sentimento de mudança sempre esteve presente nos discursos oposicionistas.
Em todo e qualquer país que se diz democrático, contados os votos de qualquer eleição, a primeira coisa a ser feita é o desmonte dos palanques eleitorais, condição sem a qual, e no nosso caso, particularmente, nossos problemas só se agravarão. Aliás, se as baixarias da campanha eleitoral próxima passada chegarem ao nosso Congresso Nacional e se nossas ruas decidirem jogar no quanto pior, melhor, só nos restará esperar pelo pior.