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Só o tempo dirá


Confirmado no poder, qual será o julgamento que a  história fará do governo do presidente, Michel Temer? 

Estadistas são pessoas que se revelaram dotadas de excepcional sabedoria, grandeza de espírito e de uma visão que se vai além do seu tempo. Daí tratar-se de uma raridade, tanto aqui quanto alhures. Nós, brasileiros, infelizmente, não temos nenhum deles para cultuarmos. Por vezes, há quem sugira que Getúlio Vargas fez por merecer tamanha honraria. Quanta contradição! Até porque, somente àqueles que combateram ditaduras e nunca àqueles que as implantam e as sustentaram fizeram por merecer tão honrosa distinção.         

Detalhe importantíssimo: Os líderes mundiais que são lembrados como estadistas tiveram que enfrentar as mais gravíssimas crises. Por geração espontânea eles não surgiram e nem surgirão. Winston Churchill, por exemplo, foi o estrategista que costurou e mediou às alianças que combateu o nazismo e pôs fim a segunda guerra mundial. Charles de Gaulle, Franklin Roosevelt e Nelson Mandela entre outros, se tornaram estadistas em razão dos seus extraordinários feitos. Sobre eles podemos afirmar: Todos foram instados a enfrentar desafios que nem mesmo eles se viam em condição de enfrentá-los, menos ainda, de superá-los.

Cá entre nós, lamentavelmente, até então, a nossa história não conseguiu registrar o nome de nenhum brasileiro que tenha feito por merecer tão honroso tratamento. Entretanto, ainda que pareça demasiadamente exigente, ao presidente Michel Temer só restará ser o primeiro brasileiro a merecer tão destacada honraria, independente dos fatos e das versões que motivaram o Impeachment da presidente Dilma Rousseff, menos ainda, dos fatos e das versões que venham impossibilitá-lo de se tornar o nosso primeiro estadista, até porque, a segunda e última alternativa que lhes restará, com certeza, será desastrosa, afinal de contas, nós, brasileiros, jamais o perdoaremos se sua gestão resultar numa troca do tipo “seis por meia dúzia”. Reclamações sobre a herança maldita que por certo irá receber não irá prevalecer. Afinal de contas, quem se casa com uma viúva não pode reclamar dos filhos que ela trás.     

Mikhail Gorbachev, por exemplo, só conseguiu ocupar o panteão dos estadistas porque teve a ousadia de promover as mais profundas transformações estruturantes na então URSS. À época, ninguém poderia imaginar que com sua chegada ao poder, e em tão pouco tempo no poder “1988/1991”, a própria URSS fosse extinta.   

Fui contrário ao Impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) por considerá-lo um instrumento de péssima qualidade, e por assim entender, outro não será o meu posicionamento se futuramente alguém ousar propô-lo contra o presidente Michel Temer. De antemão declaro: Serei contra. 

Ainda que tenha chegado ao poder como beneficiário do referido instrumento, precário e questionável, não o considero como golpista, entretanto, no curto prazo que disporá para reverter as nossas crises e outros tantos desafios que terá a sua frente, caso o presidente Michel Temer não venha se revelar como estadista, o lugar que a história lhes reservará será o pior possível.

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