O regime presidencialista tem sido a causa das nossas recorrentes crises políticas
Quando da elaboração da nossa atual constituição a implantação do regime parlamentar de governo chegou a ser considerado como um fato consumado, afinal de contas, as sistemáticas crises políticas no nosso país e em quase todos os países do nosso continente latino-americano eram recorrentes. Para tanto basta que avaliemos quantos golpes de Estado e ditaduras tivemos que enfrentar em razão dos super poderes que o referido regime confere aos seus presidentes.
No regime presidencialista a chefia do estado e a do governo e exercido pela mesma pessoa, e em seu favor ainda lhes é conferido o duplo comando por um prazo fixo e determinado de quatro anos e com direito de concorrer a sua própria reeleição.
No regime parlamentarista, quando o chefe de governo se revela incompetente e não consegue se harmonizar com o seu correspondente poder legislativo sequer consegue esquentar a cadeira do poder. Exemplo disto foi o que aconteceu recentemente no Reino Unido.
Espelhado no regime presidencialista vigente nos EUA, todos os países latino-americanos fizeram a opção pelo regime presidencialista, e cada um deles passaram a exercer o poder sem dispor das instituições que limitassem os seus poderes. Pelo contrário, pelo fato de exercerem a chefia de Estado e a de governo, em razão desta superposição dos poderes que propiciam, o nosso continente já chegou a se transformar na maior concentração de ditaduras do mundo.
Entre os anos 1960 e 1980 praticamente todos os países do nosso continente tinham um ditador para chamar de seu. Entre 1964 e 1985 tanto o nosso estado como o nosso governo esteve sob o comando de cinco generais, sem que nenhum deles tenha sido escolhido de forma democrática.
Quando da elaboração da nossa atual constituição, tudo nos levava a crer que ao seu final, o regime parlamentarista seria implantado, entretanto, partindo do submundo do nosso sistema presidencialista, este acabou prevalecendo, posto que, no interesse do presidente José Sarney, para conseguir permanecer cinco anos no poder, o regime presidencialista conseguiu sobreviver e como seria esperado, continua produzindo seus estragos a nossa própria democracia.
