Amor eleitoral
O amor que precisa de adjetivação simplesmente não existe.
Nosso Estado tem a oferecer diversos exemplos de pessoas que por aqui aportaram e logo se disseram tomados de amor pelo Acre. Pena que, ao invés do declarado amor, algumas delas acabaram demonstrando desapreço pelo nosso Estado. Entre tais pessoas, Rubem Branquinho revelou-se uma das mais destacadas, embora ele tenha sido o autor das mais belas e sedutoras declarações de amor ao Acre.
Por incrível que possa parecer, Rubem Branquinho chegou ao Acre na condição de um ilustre desconhecido, certamente, mais desconhecido que ilustre, até porque, em chegando aqui, excetos seus padrinhos políticos, nenhum acreano sequer havia ouvido falar no seu nome.
Entretanto, ao ser ungido a elevadas funções de secretário de Estado, muito provavelmente, deve ter passado pela sua cabeça que ele poderia ascender politicamente, e quem sabe até, podendo chegar ao governo do nosso Estado. Sua primeira investida nesta direção ficou evidenciada quando ele se afastou da condição de secretário de governo, e graças à visibilidade e o prestígio que o cargo lhe havia conferido, Rubem Branquinho se elegeu deputado federal.
Dali para frente, o deputado federal, Rubem Branquinho passou a pensar, politicamente, em alçar voos bem mais altos. Primeiro, tentou ser candidato à prefeitura de nossa capital, e só não a viabilizou porque o seu próprio partido, o PMDB, acabou vetando-a.
Como o PMDB havia lhe negado legenda para disputar a prefeitura de Rio Branco, Rubem Branquinho decidiu abandoná-lo e foi parar no então PL. Tal mudança partidária passou a ser entendida, sobretudo, pelos peemedebistas que haviam avalizado sua nomeação enquanto secretário como tendo sido um golpe, ou como se diz na gíria política, mais um caso típico da criatura que se volta contra o seu próprio criador.
Como presidente regional do PL acreano, Rubem Branquinho passou a se sentir à vontade para pôr em ação a sua maior ambição, qual seja, a de governar o Acre. Entretanto, ao ser derrotado, isto em 1990, de lá para cá nunca mais Rubem Branquinho pôs os pés em nosso chão. Daí a pergunta que não pode calar: que tipo de amor era aquele que Rubem Branquinho tinha pelo Acre? Resposta: amor eleitoral.
Particularmente, quando vejo o candidato Márcio Bittar falar do seu exagerado amor pelo Acre, só me vem lembrança o amor que Rubem Branquinho declarava pelo Acre. Enfim, quem ama o Acre ou qualquer outro torrão, antes das repetidas declarações de amor, precisa demonstrá-lo todos os dias e os dias todos, e não apenas nos períodos que antecedem as eleições. Enfim, se o amor dispensa adjetivações, quando adjetivado, o mais falsos de todos é o amor eleitoral.
Por exemplo: entre 2002 e 2010, período em que ficou sem mandato, Márcio Bittar sequer tinha residência fixa em nosso Estado. Emprego no Acre? Apesar de ser uma de suas promessas enquanto candidato, ele nunca gerou. Afinal de contas: que espécie de amor é este que Márcio Bittar diz ter pelo Acre? Amor eleitoral é assim mesmo...