A volta do cipó
A revista Veja sai da presente disputa eleitoral, pelo menos, com sua isenção jornalística bastante questionada.
Em toda a sua gestão, a presidente Dilma Rousseff governou o nosso país tendo a revista Veja no seu encalço, e sempre disposta a lhe fazer a mais inflexível e impiedosa oposição. Para tanto basta que se diga que todas as suas edições logo se transformavam numa espécie de guia para orientar seus mais explícitos oposicionistas. A propósito, eram suas publicações que, semanalmente, pautavam os discursos dos seus adversários, notadamente, aqueles com acesso às tribunas parlamentares, seja na câmara dos deputados, no senado, e até mesmo, nas câmaras municipais.
Nada contra a liberdade de expressão, particularmente, a da imprensa, justamente por serem, dois dos principais valores democráticos, e neste particular, o próprio comportamento jornalístico da revista Veja, por si só, bastaria para comprovar que tais valores se mantiveram integralmente preservados em todo o transcurso do governo da presidente Dilma Rousseff.
Mas como tudo na vida é relativo, a não ser a absoluta certeza de que tudo é relativo, em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff a revista Veja se houve muito além da liberdade que é conferida à própria imprensa, enfim, em todas as suas edições, como se o governo federal houvesse se transformado numa corja de gatunos, a cada semana, uma nova denúncia era feita, e caso não surgissem, denúncias passadas eram requentadas e servidas aos seus leitores, e em especial aos seus assinantes, entre os quais me incluo.
Como sempre fui um dos seus mais assíduos leitores, mas por não ter aderido a sua parcialidade, sou testemunha da forma editorial, nada recomendável, como a referida revista passou a se comportar, até porque, é dos partidos políticos e seus representantes, não de nenhum veículo de comunicação, fazer oposição político-partidária a este ou àquele governante. Menos ainda, de uma revista do porte da Veja, cujo prestígio adquirido se deve, em grande parte, ao crédito que seus leitores sempre deram as suas publicações.
Nada contra o trabalho jornalístico que a Veja desenvolveu no chamado mensalão do PT e nem ao seu ímpeto investigativo em relação ao Petrolão, pois não é por aí que sua parcialidade restou evidenciada, é sim, pela pouca ou nenhuma importância que a própria revista deu ao mensalão do PSDB, este por sua vez o precursor do mensalão do PT. Ironias à parte, e para que nenhuma dúvida possa restar neste sentido, não só os seus métodos, mas até o operador de ambos, coincidentemente, foi mesmo sujeito, no caso, Marcus Valério.
Em relação ao Petrolão, de cujo escândalo todos os brasileiros esperam as punições de todos os seus culpados, ainda assim, não podemos aceitar que, de repente, a revista Veja tenha transformado o doleiro Alberto Youssef, o bandido-mor da referida quadrilha, no dono da verdade, conquanto suas acusações pudessem atingir a então candidata Dilma Rousseff. Neste particular, pela pouca importância que a própria Veja deu a uma das suas acusações, o referido bandido só mentiu, e outra não pode ser a conclusão, quando acusou o então senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, o partido do também candidato Aécio Neves, de haver recebido uma milionária propina para melar as investigações de uma CPI que tinha como propósito investigar os desvios de recursos públicos da própria Petrobrás.
Por fim: pegou muito mal para a revista Veja o fato da sua edição que precedeu a disputa em segundo turno das eleições presidenciais ter chegado às bancas e aos seus assinantes, dois dias antes da data tradicional estabelecida, e tão somente, para destacar as confissões de um bandido.