Toda vez que o PISA publica os resultados de uma nova prova, o nosso país é submetido a um novo vexame.
O PISA-Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, a cada três anos elabora a mais importante avaliação de estudantes do mundo, e na prova relativa ao ano de 2015, o ensino público do nosso país foi novamente reprovado, e desta vez, de forma superlativamente vexatória, afinal de contas, caímos nas três áreas avaliadas: ciências, matemática e leitura. Ficamos em penúltimo lugar no continente latino-americano.
O PISA é uma prova aplicada aos alunos na faixa etária de 15 anos, portanto, abrange o universo de alunos interessados a cursar o ensino superior. Se na referida avaliação ficamos na rabeira da fila, entre os 72 países avaliados, mais uma vez, restou provado que os nossos estudantes não estão sendo preparados para tomarem assento numa universidade, exceto àqueles que vieram das nossas ilhas de excelência, no caso, nossas boas escolas particulares de ensino fundamental e básico.
Repito: somente um seleto grupo de alunos tem acesso às referidas ilhas. Disto resulta numa dupla e odiosa injustiça: os filhos de pais pobres que estudaram em escolas públicos ruins, não têm acesso às boas universidades, enquanto os filhos de pais ricos e que estudaram nas boas escolas particulares, acabam ocupando praticamente todas as vagas disponíveis nas nossas boas faculdades, tanto as públicas quanto as particulares, e aos alunos pobres e mal preparados, as faculdades particulares de quinta categoria, sobretudo àquelas que após a instituição do FIES, feito uma praga, passaram a proliferar.
Paradoxalmente, enquanto o PISA continua revelando a péssima qualidade do nosso ensino público, a nível básico, entre as 15 melhores universidades da América Latina, oito delas são brasileiras, inclusive, aquelas que ocupam os dois primeiros lugares: a USP e a Unicamp. Em tempo: quase todos os alunos dessas duas universidades procedem das tais ilhas. Raramente, alguns deles vêm da nossa rede de ensino público.
Independente das opiniões recorrentes expressadas pelos nossos especialistas em educação pública, seus mais ácidos e lúcidos críticos do nosso atual sistema, qualquer outra pessoa minimamente informada chegaria a seguinte conclusão: de experimentos em experimentos, a nossa educação pública só tem piorado. Primeiro porque, no nosso país, a educação sempre foi tratada como uma questão de governo e nunca como uma questão de Estado. Assim sendo, toda vez que muda o governante, muda tudo. À propósito, em menos de seis meses de gestão, o presidente Michel Temer já apresentou, festivamente, o seu modelo, embora não se saiba se o seu sucessor o recepcionará.
Não é por falta de recursos que a nossa educação pública, entre todos os países da OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico é a pior. Diria mais: em termos comparativos, o Brasil é um dos países que mais investe. Lamentavelmente, muitíssimo mal. A exemplificar, os bilhões que são torrados, via FIES.