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Vamos aguardar

“Perigoso é aquele que não tem nada a perder” -  Johann Goethe. 

Se o deputado federal, Eduardo Cunha, já era um homem perigoso quando muito tinha a perder, desprovido da sua própria liberdade, por certo, mais perigoso ele se tornará. Lamentavelmente, os nossos comentaristas políticos, e em particular, àqueles que compõem a nossa grande imprensa, somente agora, ou seja, muito tardiamente, passaram a vê-lo e a tê-lo na conta de um sujeito de altíssima periculosidade, afinal de contas, enquanto o deputado federal, Eduardo Cunha, na condição de presidente da Câmara dos Deputados comandou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), a seu jeito e modo, nada que pudesse comprometê-lo politicamente, eticamente e moralmente virava notícia, ou mais precisamente, não valeu a pena ser noticiado.   

Daí a pergunta que não pode calar: será que o hoje presidiário Eduardo Cunha vai ficar de boca fechada e de braços cruzados à espera de uma série de condenações que poderá levá-lo a perda de liberdade assemelhada a uma prisão perpétua? Não vai, até porque, para alguém que chegou a ser comparada a um homem-bomba, sequer se cogita  tamanha resignação.       

Como estamos a tratar do homem que ao longo dos últimos anos havia se tornado num dos mais poderosos do nosso país e ora vê-se trancafiado,  portanto, necessitado de solidariedade, a partir do instante em que ele se sentir politicamente abandonado, por certo, ele passará a agir da maneira que melhor vier atender os seus próprios interesses. Na sua mira, em primeiríssimo lugar, com certeza, estarão todos os deputados federais que votaram a favor da cassação do seu mandato, notadamente àqueles que comeram na sua gamela, e logo a seguir, todos àqueles que lhes prometeram ajuda e ora lhes dão às costas.  

Portanto, no sentido de minorar suas condenações, somente uma bombástica delação premiada lhes restará como alternativa. Digo bombástica porque, os mais impactantes segredos do nosso ambiente político, dos quais teve conhecimento, ainda não foram revelados. 

Neste particular, ele já mandou alguns recados, particularmente,  àqueles com os quais havia compartilhado os melhores momentos de suas vidas. à propósito, antes de ser preso, Eduardo Cunha já havia se reportado a um grupo de cinco amigos, no qual, um deles virou presidente, três outros viraram ministros e o quinto foi completamente abandonado. Que grupo seria este?  

Outro sinal revelador da indignação do ex-deputado federal Eduardo Cunha em relação ao comportamento dos seus ex-aliados, ex-amigos e ex-liderados, diz respeito ao fato dele já ter contratado uma banca de advogados especializados em negociar delação premiada.

Por fim: se todo homem é perigoso quando mais tem a perder, em se tratando de Eduardo Cunha, pelo tanto que ele tem a revelar a respeito das nossas mais carimbadas figuras do nosso mundo político, mais ainda.

 

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