Ao deixar o poder o presidente Jair Bolsonaro será capaz de se revelar no líder que as urnas revelou?
No mesmo dia em que o TSE-Tribunal Superior, solenemente, conferia a Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alkmin os diplomas de presidente e vice-presidente eleitos na recente eleição, em frente ao Palácio da Alvorada uma multidão se reuniu para prestar solidariedade ao ainda presidente Jair Bolsonaro e isto nos últimos 15 dias que restavam do seu tumultuado mandato.
O que continua passando pela cabeça do próprio presidente Jair Bolsonaro, e em especial, pelas cabeças dos bolsonaristas, ditos de raiz, ao insistirem em não aceitar os resultados das urnas? Seus comportamentos contradiziam com o que o nosso regime democrático recomenda.
Estaremos a esperar o que aconteceu nos EUA, em razão da indisciplina do ex-presidente Donald Trump? Esperamos que não, afinal de contas, nas democracias que minimamente se prezam, os resultados das urnas hão de serem respeitados, a não ser que fique inquestionavelmente comprovado a existência de fraudes.
A vitória da chapa Lula/Alckmin, por um percentual mínimo de votos, se politicamente bem avaliado, revelou que o presidente Jair Bolsonaro, mesmo derrotado, emergiu como um líder com potencial de comandar a oposição, mas para tanto, ele precisa se conduzir dentro das quatro linhas, a expressão que tanto tem utilizado.
O próprio Lula chegou à presidência da República após contabilizar três derrotas, uma para o ex-presidente Collor e duas para o ex-presidente FHC. Nas derrotas que sofreu para FHC sequer conseguiu chegar ao 2º turno.
Ao não reconhecer publicamente a sua derrota, o presidente Jair Bolsonaro contrariou a regra basilar da própria democracia ao tempo em que passou a insuflar seus fanáticos seguidores a praticarem toda sorte de crime, a exemplo do que passou a acontecer em várias unidades da nossa federação, e o mais grave, o que aconteceu em Brasília, nossa capital federal, no dia em que o TSE entregava os diplomas ao presidente e ao vice-presidente eleitos.
Inegavelmente, na nossa recente disputa presidencial prevaleceu o anti-lulismo e o anti-bolsonarismo. Simples assim: milhões de eleitores votaram em Lula para derrotar Bolsonaro e vice versa, ainda assim, uma dezena de outros candidatos ao invés de se unirem, possibilitando uma candidatura capaz de chegar ao 2º turno se dividiu, no que muito contribuíram para que o 2º turno se desse entre os extremos. Este é o preço que estamos pagando.