Colunistas

O dito pelo não dito

Na atividade política, mais vale o sensacionalismo criado por suas versões que os próprios fatos.   

Ainda que já sejamos um país altamente regulamentado, mais que qualquer outro país do mundo, basta que aconteça uma tragédia que ganhe grandes repercussões para os nossos legisladores garimparem os seus arquivos e deles extraírem os projetos de leis que tenham relação com a referida tragédia, e a partir de então, além de aprovarem inúmeras leis, ainda sugerem um monte de providências que serão levadas a efeito no sentido de evitar que tragédias assemelhadas voltem a acontecer.     

Lamentavelmente, na medida em que o tempo vai passando e a imprensa não mais lhes o destaque em seus noticiários, para as promessas e providências começarem a ser relaxadas, ainda que se trate de um crime hediondo, de um acidente de grandes proporções e dos já freqüentes escândalos de corrupção. À propósito, desde o surgimento do petrolão, nunca mais se ouviu do falar do mensalão, dos  anões do orçamento, dos sanguessugas e de outros escândalos que lhes antecedera.   

Neste sentido, entre os milhares de exemplos poderíamos citar o incêndio da boate Kiss, uma tragédia acontecida na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, no dia 27 de janeiro de 2013, no qual, criminosamente, 242 pessoas perderam suas vidas e outras 680 ficaram gravemente feridas. Para não variar, nos dias que se seguiram a essa tragédia, ou mais precisamente, até a missa de 30° dia em homenagem aos mortos, a nossa grande imprensa, em suas manchetes, não destacava outra notícia que não fosse referente à referida tragédia. 

De imediato, todas as nossas casas de espetáculo e de show foram interditadas, seus alvarás de funcionamento foram suspensos ou cancelados e mil e uma exigências foram determinadas. A época, dizia-se, que a abertura de novas casas de espetáculos e a reabertura daquelas que haviam sido interditadas dependiam da concessão de novos alvarás, quando atendidas as exigências feitas. Nada disto aconteceu, e a provar que não, praticamente todas elas encontram-se funcionando, muitas delas ser sequer atender as mínimas condições de segurança.  

Não é por falta de leis que acontecem determinadas barbaridades em nosso país, até porque, por baixo, as nossas leis já somam 181.000, e se a elas forem somadas as normas derivados de portarias, regulamentos, instruções, pareceres, ordens de serviço, entre outras, nós, brasileiros, somos obrigados a obedecer a mais de 10.000.000 (dez milhões) de regras. Detalhe: até os analfabetos e os semi-analfabetos, algo em torno de 20.000.000 de brasileiros são abrigados a conhecê-las e obedecê-las, afinal de contas, existe uma lei que diz: “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”.  

A Operação Lava-Jato, por exemplo, pelo que já fez e pelo muito que ainda tem a fazer visando combater a corrupção em nosso país, baseou-se em leis que já existiam, portanto, sem precisar da aprovação das tais “10 medidas contra a corrupção”. 

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