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A mãe de todas as crises

O pior cego não é àquele que não vê, e sim, àquele que finge não enxergar. 

Lamentavelmente, chegamos ao auge das nossas crises, até porque, em uma democracia ou qualquer outro regime, quando as suas instituições, se chocam, feito placas tectônicas, só nos resta esperar pelos terremotos e tsunamis que muito provavelmente virão. Pior ainda, quando fingem que não estão enxergando e nem ouvindo o que está acontecendo, tampouco, se preocupando com os estragos que ainda poderão ocorrer.  

Se antes se debitava que o agravamento das nossas crises devia-se à presença da presidente Dilma Rousseff no comando político do nosso país, já há motivos, o bastante, para afirmarmos que tal justificativa perdeu sua validade, até porque, consumado o seu impeachment e já passado mais de seis meses da gestão do presidente Michel Temer, as nossas crises não cessaram, nem mesmo a de natureza política, esta por sua vez, a mãe de todas as outras crises. 

Os 367 deputados federais e 61 senadores, enquanto integrantes do seleto colégio eleitoral que alçou o vice-presidente Michel Temer a condição de presidente da nossa República, incondicionalmente, teriam que apoiá-lo. Mas não, para isto aconteça, estão fazendo as mesmas exigências que faziam a então presidente Dilma Rousseff, entre elas, que a nossa máquina pública seja esquartejada e seus pedaços distribuídos com os partidos políticos. E ainda ameaça abandoná-lo, caso não sejam atendidos.       

De antemão, vale ressaltar que a maioria parlamentar que está apoiando o governo do presidente Michel Temer, salvo raras exceções, vem ser constituída, majoritariamente, pelos mesmos congressistas que apoiaram todos os governos que lhes antecedera, e não apenas o do Lula e o da Dilma, sim e também, o de Sarney, Collor, Itamar e FHC. 

À bem da verdade, trata-se de uma maioria que não merece confiança, nem os partidos políticos tampouco dos parlamentares que a integra, afinal de contas, já deram sucessivas demonstrações que suas fidelidades serão diretamente proporcionais às contrapartidas que se acham merecedores. À propósito, até a moeda de troca continuou mesma, no caso, o tradicional “toma lá dá cá”, da qual, são useiros e vezeiros. 

Se a nossa democracia fosse assentada em uma estrutura política partidária minimamente respeitável e responsável, nada disto estaria acontecendo e nem teria acontecido. Entretanto, como o nosso congresso é composto por parlamentares de 28 partidos políticos e a maioria deles foram criados para fazer negociatas, o resultado não poderia ser outro que não fosse à institucionalização da nossa própria corrupção. 

Ora, se o nosso sistema político facilita a corrupção, ao tempo em que as pessoas honestas se afastam do seu meio, atrai àquelas que são desonestas. Bem diz o dito popular: em terra de sapos, de cócoras com eles.   

Por fim: enquanto for mantida a estrutura partidária que está aí, a despeito do muito que já fez no sentido de combater a corrupção, com o passar dos tempos, a própria Operação Lava-Jato será lembrada apenas com um ponto fora da curva. 

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