O armamentismo da nossa população foi uma trágica iniciativa do presidente Jair Bolsonaro
Em poder de uma pessoa de índole reconhecidamente pacífica a posse de uma arma de fogo chega a ser admissível, conquanto a mesma seja mantida em locais que impossibilite que terceiros tenham acesso, em particular, as crianças. Estou me reportando à posse e não ao porte.
Quanto ao porte, apenas os agentes do Estado, sobretudo àqueles que cuidam da nossa segurança pública poderão portá-las e ser utilizadas em caráter absolutamente excepcional.
Do que adianta um cidadão de bem portar uma arma ao ser surpreendido por um bandido, com uma arma em punho, dando-lhes a seguinte determinação: “mãos ao alto”. Para além da arma que o próprio bandido já dispunha ele ainda adiciona ao seu arsenal a arma subtraída de sua vítima. O próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a passar por semelhante situação e se tornou vítima desse tipo de banditismo.
Discordo radicalmente do estímulo que o presidente Jair Bolsonaro deu ao armamentismo, particularmente, ao porte de armas. A expressão “povo armado jamais será escravizado”, no seu conjunto, só beneficia uma residual parcela da nossa população, porquanto mais de 80% do nosso povo sequer tem condições de adquiri-las, enquanto isto, os privilegiados de sempre, dispõem de verdadeiros arsenais, nos quais são encontradas as mais sofisticadas armas, inclusive metralhadoras e armas de altos calibres.
Quanto à posse, em caráter excepcional, chego a admitir, conquanto os seus possuidores sejam devidamente conhecidos e identificados pelos próprios agentes do Estado brasileiro, e em se fazendo necessário, devidamente responsabilizados.
Somos um dos países do mundo que contabiliza o maior número de assassinatos. Apenas no ano de 2021, segundo o Unodc, sistema de dados do escritório das Nações Unidas, 47.503 brasileiros foram assassinados, o correspondente a 20,4% dos homicídios existentes no mundo, enquanto o nosso país só detém 2,7% da população mundial.
A Segurança Pública no nosso país também revela outro dado profundamente preocupante: a maioria dos que matam e a dos que morrem são majoritariamente pobres e pretos. Sob custódia do Estado brasileiro a discriminação racial e social são as duas mais percebíveis evidências.