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Que assim seja!

“A praça é do povo como o céu é do condor”.Castro Alves.

Toda vez que assisto as nossas ruas iniciarem um determinado movimento, de pronto, sinto-me tomado por dois sentimentos, contraditórios em si mesmos, embora, freqüente e equivocadamente confundidos: primeiro, de satisfação se o povo estiver presente, e segundo, de preocupação, quando as multidões predominam, até porque, povo e multidão sempre estiverem e continuam no centro das controvérsias desde o século XVII, ou mais precisamente, desde a fundação do Estado moderno, também nas guerras e nas teorias filosóficas, ainda que o conceito de multidão já tenha sido derrotado.

Embora o conceito de povo tenha prevalecido, ainda assim, quando as crises de um determinado Estado se acentuam, a exemplo das crises que estão acontecendo em nosso país, ao encontrarem o terreno fértil para o desenvolvimento de suas ações, às multidões ressurgem e tomam conta das suas ruas, antecipando-se ao povo.     

Considerado como o mais destacado entre todos os filósofos que ousaram diferenciar o que é povo e o que é multidão, portanto, o pai putativo da referida polaridade, com lapidar precisão, Hobbes assim se pronunciou: “se povo, nada de multidão; se multidão, nada de povo”.

Eu, particularmente, tenho o mais profundo respeito pelo povo e muitas preocupações com as multidões, afinal de contas, o povo pensa antes de agir e as multidões agem antes de pensar. Diria mais: o povo é de índole pacífica, e as multidões criadoras de conflitos. 

Como o nosso país atravessa, e os fatos são abundantes, os mais delicados momentos da nossa história, caso não seja dado um basta na seqüência das nossas crises, e de imediato, são encontradas as soluções para as crises já existentes, sem dúvidas, a curtíssimo prazo, assistiremos a nossa própria democracia entrar em colapso, afinal de contas, se não bastasse o recente impeachment da presidente Dilma Rousseff, com o nosso Congresso Nacional em frangalhos, moral e politicamente, vide o que já aconteceu com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e mais recentemente, ontem, com o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros, e mais ainda, com o presidente Michel Temer, sem exercer, em toda a sua plenitude, a autoridade que o cargo lhes confere, nossas crises só irão se agravar. 

De mais a mais, não há como se esconder que as nossas instituições estão batendo cabeças, ou seja, que os nossos poderes estão em confronto, até porque, sem este reconhecimento, as soluções não virão. 

Ainda que tardiamente, há que se construir, já e imediatamente, um acordo político/social em favor do nosso país, até porque, de crises em crises, acabamos chegamos ao pior dos mundos.

Com povo nas ruas, se for o caso, contudo, com as multidões ausentes, até porque, as praças são do povo, e não das multidões, naturalmente, criadoras de conflitos. 

 

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