Pela sua extraordinária importância o instituto da delação premiada precisa ser preservado.
Graças ao instituto da delação premiada a Operação Lava-Jato e diversas outras investigações vem combatendo e com bastante eficiência a corrupção que se encontrava instalada no nosso país, sobretudo, as perpetradas pelas organizações criminosas. Diria mais: não fosse o referido instrumento, muito dificilmente, um esquema com as dimensões e as profundidades do chamado “petrolão” jamais seria desarticulado.
Todavia, em se tratando de um instrumento que condiciona o Estado a fazer parceria com os próprios criminosos, algo esquisitíssimo, sua utilização passa a requerer o máximo de cuidado, até porque, em razão do jogo de interesses e conveniências, as confissões dos delatores necessitam de comprovações, posto que, em sendo a prova testemunhal a mais prostituta das provas, em partindo de criminosos confessos, mais ainda, afinal de contas, dependendo dos benefícios que lhes forem ofertados, o delator confessa o que melhor lhes convier. Detalhe a se considerar: antes de qualquer coisa, o delator é um traidor, ou seja, é portador de uma das piores qualificações do ser humano.
A má fama dos traidores bastaria para determinar que as suas confissões sejam tratadas com o máximo de cuidado e desconfiança, até porque, quem de livre e deliberada vontade já havia cometido um rosário de crimes, a exemplo do mega-bandido Wesley Batista e de um corrupto do naipe do ex-senador Sérgio Machado, em busca de sua impunidade, ou de minorar as suas inevitáveis condenações, será capaz de tudo, até mesmo, de fazer acusações contra pessoas inocentes. Este o maior perigoso da delação premiada.
Sobre a má fama dos traidores, lembremos alguns deles, cujos nomes só podemos encontrar registrados nos piores lugares da nossa história, e sempre lembrados com nojo e reprovação.
01 - Judas Iscariotes traiu Jesus em troca de 30 moedas de pratas.
02 - Em troca do perdão de suas dívidas e de uma pensão vitalícia que lhes foram ofertadas pela coroa portuguesa, Joaquim Silvério dos Reis traiu Tiradentes, o mártir da nossa independência, traição que resultou na sua morte o esquartejamento.
03 – Na idade média, quando da inquisição instituída pela Igreja Católica, e mais recentemente, quando da vigência da chamada revolução de 64, à base de torturas, físicas e psicológicas, era assim que se extraíam as confissões dos investigados.
Para que seja preservado o prestígio que a delação premiada já conquistou, faz-se necessário e indispensável que as confissões dos delatores, ao fim e ao cabo do devido processo legal sejam devidamente comprovadas, do contrário, as delações caluniosas se prestarão como salvo conduta para criminosos.
Por fim: se a delação do criminoso Wesley Batista e a do ex-senador Sérgio Machado não for comprovada e eles continuarem impunes - livres, leves e soltos, o instituto da delação premiada perderá o prestígio que já adquiriu e passará a ser rejeitado pela nosso sociedade.