Publicado em 27/03/2024 09:28
Espanha e Brasil fizeram um jogo cheio de gols, na noite de terça-feira (26), em Madri. Os donos da casa tiveram superioridade na maior parte do confronto –e contaram com decisões da arbitragem muito questionadas pelo adversário–, mas os visitantes tiveram poder de reação e buscaram, nos acréscimos do segundo tempo, um empate por 3 a 3.
O duelo no estádio Santiago Bernabéu foi o segundo na seleção do técnico Dorival Júnior, que havia estreado à frente da formação nacional com uma vitória por 1 a 0 sobre a Inglaterra, em Londres, no último sábado (23). Ele considerou positivo o saldo dos dois amistosos, apesar da irritação com a atuação do juiz português António Nobre no jogo em território espanhol.
Mas, sem árbitro de vídeo na partida por decisão da Federação Espanhola, não adiantou reclamar quando o lusitano apitou pênalti de João Gomes, convertido por Rodri. A Espanha ainda ampliou no primeiro tempo, em golaço de Dani Olmo, porém o goleiro Unai Simón errou na saída de bola, entregou-a a Rodrygo e colocou o Brasil no jogo, antes do intervalo.
Endrick aproveitou sobra no início da etapa final para empatar. Aí, o time dirigido por Luis de la Fuente voltou a atacar em busca da vitória, que parecia assegurada com mais um pênalti questionável convertido por Rodri, aos 42 minutos. No entanto, também de pênalti, este claro, Paquetá definiu o empate, aos 51.
O jogo não teve os habituais ares de um amistoso, com chegadas duras, discussões e reclamação constante com a arbitragem. Também não teve –ao menos, em um primeiro momento, não houve registros– episódios de racismo, que têm sido comuns contra o atacante Vinicius Junior brasileiro na Espanha.
A partida foi marcada justamente nesse contexto, com o lema “uma só pele”. Havia a preocupação de novos insultos contra Vinicius, já que, embora o confronto tenha sido realizado no estádio de seu clube, o Real Madrid, havia torcedores de outras equipes. Junior, que teve atuação ruim, foi aplaudido por fãs das duas seleções no momento em que foi substituído.
Ficou claro, ao longo do embate no Bernabéu, que a Espanha é um time mais pronto, que entrará na Eurocopa do meio do ano como um dos favoritos ao título. Não fossem falhas de finalização, uma goleada poderia ter sido estabelecida pelos donos da casa, que trocaram passes com maior precisão e, segundo o site de estatísticas Sofascore, tiveram 58% de posse de bola.
Mas posse de bola não é gol, e o Brasil renasceu no jogo com o gol dado a Rodrygo por Simón. Endrick voltou a aparecer no lugar certo para ganhar pontos com o chefe –e com seus futuros torcedores, já que está negociado pelo Palmeiras com o Real Madrid. E Paquetá, nos acréscimos, converteu o pênalti que impediu a derrota.
“O Danilo falou na roda, antes do jogo, que a gente precisa vencer, mostrar a cara do Brasil”, vibrou o jovem Endrick, 17, que, como os companheiros, vibrou com o empate com cara de vitória, pelo momento do último gol. “O Vini também falou para a gente colocar o Brasil no topo, de onde nunca deveria ter saído. Para isso, a gente precisa ganhar campeonatos.”
Não foi um campeonato, mas deixar a série de amistosos na Europa com uma vitória na Inglaterra sobre a Inglaterra e um empate com a Espanha foi motivo de alegria. “Estamos felizes pelo nosso desempenho, por conseguir a recuperação depois de estar perdendo. É importante para o nosso crescimento”, disse Rodrygo.
Já Dorival, embora tenha admitido dificuldades diante do forte adversário de terça, considerou satisfatório o trabalho realizado nos dois jogos. Ele decidiu repetir a escalação nesses embates e acha que o desgaste físico dos atletas tenha contribuído para os problemas enfrentados no Santiago Bernabéu.
“Faltou um pouquinho de vitalidade, talvez gasta no jogo anterior, demoramos a encontrar o posicionamento. Se esta fosse a primeira partida, teria sido outro nível de atuação. Mas o Brasil sai daqui com um saldo muito positivo. Estou acima de satisfeito. A entrega e o comprometimento foram muito positivos”, declarou o treinador.
[Folha Uol]